24 novembro, 2011

Memórias póstumas de Brás Cubas

 ...Aí vinha a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a inchada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as várias formas do mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim....
...Ao passo que a vida tinha assim uma regularidade de calendário, fazia-se a história e a civilização, e o homem, nu e desarmado, amava-se e vestia-se, construía-se o refúgio e o palácio, a rude aldeia e Tebas de cem portas, criava a ciência, que perscruta e a arte que encanta, fazia-se orador, mecânico, filósofo, corria a face do globo, descia ao ventre da terra, subia à esfera das nuvens, colaborando assim com a obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo... (O delirio de Bras Cubas) 
Impressiono-me com o estilo machadiano.

11 novembro, 2011

Crer ou não crer?

       Estava conversando com uma amiga  e, em determinado ponto de nossa conversa, falei: - Sinceramente não sei se acredito em Deus, mas não me considero uma sética egoísta. Acredito nas pessoas, tento não julgá-las, sinto em meu interior que não tenho este direito, acredito na necessidade de orientação que temos, no caráter, na solidariedade, no altruísmo...". Então, ela me respondeu com uma pergunta a pergunta que estava escondida em minha afirmativa:  " Então Aline... Você acha que isso não é acreditar em Deus?!". Fiquei Intrigada.

    Lendo por esses tempos " O Código da Inteligência" de Augusto Cury fiquei mais intrigada ainda ao ler o seguinte trecho: temos 3 faces pensantes no córtex cerebral, 2 irracionais e 1 racional. Então comecei a pensar o que fundamenta a irracionalidade do ponto de vista espiritual. Neste mesmo livro o médico psiquiatra afirma que o fato de um ser humano ser altruísta e empático foge totalmente do contexto do instinto de sobrevivência portanto, é algo ilógico. 
 Será que essa parte ilógica de nossa essência possa ter uma origem espiritual, algo complexo e indecifrável pelo lado lógico do cérebro humano? Será que a essência do Criador existe dentro do cérebro?

    Em outra parte desse mesmo livro, Cury  escreve: "...nos tempos modernos as pessoas que  não desenvolvem ou ainda não desenvolveram a Autocrítica dão um valor sobre humano para as palavras e imagens de certas pessoas, transformando-as em ídolos ou ícones...". Será que não é isso que acontece com quem crê num criador?

  Muitas coisas trazem muitas dúvidas e fico me perguntando se os fiéis acham que estou pecando ao duvidar, que não receberei a recompensa - aquela que eles tanto falam e que todos os seguidores receberão no final da vida....  
Pois bem, diante deste impasse, qual será a minha recompensa por duvidar?